Brasil deve investir em energia renovável para não faltar luz.
A energia hidrelétrica é uma das melhores fontes energéticas, mas não deve ser o único recurso de um país. A dependência de uma fonte pode afetar o abastecimento e ainda mexer no bolso do consumidor e no ambiente.
Mesmo com grande potencial hídrico, o Brasil teve de acionar no fim de 2012 suas termelétricas para impedir um sério racionamento de energia. O agravamento da seca e a falta de chuva afetaram os reservatórios das hidrelétricas, que passaram por uma baixa histórica durante o verão passado, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
O problema é que as usinas termelétricas usam combustíveis fósseis altamente poluentes, como óleo, gás natural ou carvão, para gerar energia. Em janeiro, as cerca de 60 termelétricas ligadas foram responsáveis, em média, por disponibilizar cerca de 13 mil megawatts de energia de uma demanda mensal de 58 mil megawatts – isto é, mais de 20% da energia de todo o país não veio de uma fonte limpa.
"É importante diversificar as fontes renováveis de energia. Quando há uma dependência de uma única fonte, como a hidrelétrica no Brasil, você fica sujeito a secas e outros problemas que podem surgir. Por isso, a importância de ter diversas fontes para, quando uma não estiver plena, a outra poder compensá-la sem afetar (a população, nem o planeta)."
Futuro solar
O Brasil precisa investir em um mapeamento das suas fontes, em especial as renováveis, para, então, escolher os recursos mais robustos em cada área e o com melhor custo-benefício para cada região.
A tendência no futuro é que a energia solar se torne a principal fonte no mundo inteiro. Mas vale apena resaltar que os consumidores têm de investir primeiro em um aquecedor solar, e não tampar o telhado de placas fotovoltaicas. É que fica mais barato esquentar o chuveiro, do que fornecer energia para a casa toda. De acordo com os cálculos, esquentar a água com a energia solar, e não mais com a elétrica, cortaria os custos em até 60%; já os painéis só conseguiriam distribuir 10% de toda a energia usada por uma família.
Potencial esquecido
Dados da segunda edição de O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade, levantamento feito por ONGs que acompanham o setor, o Brasil tem capacidade solar para atender 10% da sua demanda atual de luz capacitando menos de 5% da área urbanizada do país. Já no caso da eólica, o potencial inexplorado corresponde quase o triplo da capacidade atual.
Em São Paulo, se for considerada apenas a melhor faixa de incidência solar na região Noroeste, o governo poderia abastecer 4,6 milhões de residências por ano, que equivale a 30% de todo o consumo residencial do Estado.
O estudo com 25 mapas detalhados, que foi divulgado no mês passado, foi criado a partir de dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da análise técnica da Secretaria Estadual de Energia.
Onze razões para o Brasil investir na energia solar
1. O nível de irradiação solar do Brasil é abundante;
2. A produção descentralizada permite o consumo no local da produção – poupa recursos e chega a lugares remotos;
3. Retorno muito atrativo para clientes e investidores face aos baixos riscos envolvidos – tanto na perspectiva atual de venda de energia à rede, como num futuro próximo, na perspectiva de autoconsumo, quando o net-metering for uma realidade;
4. Estamos próximos da paridade de rede, momento em que não precisaremos de subsídios para investir – o fotovoltaico passará ser das medidas que mais vai contribuir para os projetos de eficiência energética e irá competir diretamente com as fontes tradicionais;
5. Redução da dependência das termoelétricas;
6. Aproveitamento de coberturas e espaços que atualmente não têm utilidade;
7. Energia 100% limpa – reduz as emissões de gases que contribuem para o efeito de estufa, preocupação na utilização de materiais recicláveis;
8. Criação de postos de trabalho em áreas distintas, tanto ao nível geográfico como de setor;
9. Oportunidade de desenvolver competências que depois poderão ser exportadas para outras geografias;
10. Geração de negócio para micros e pequenas empresas – criação de emprego, formação e crescimento;
11. O custo de manutenção do sistema fotovoltaico é praticamente baixo, pois a vida útil dos painéis é superior a 30 anos;
Fontes: Textos variados de referências bibliográficas.